“Não sei se escrevo crônicas, contos, poesias, piadas, verdades ou mentiras... Seja o que for, escreverei de forma breve como a vida....... Histórias breves de personagens breves que, em maior ou menor grau, são fragmentos do que sou e procuro eternizar.”

domingo, 29 de março de 2015

Antes do Fim

"Por amor de Deus, abre a porta. Abre a maldita porta!"

Teria sido estas as últimas palavras que se ouvem na gravação retirada da caixa preta, proferidas pelo comandante do voo da Germanwings, do lado de fora da cabine. O conteúdo da gravação foi revelado este domingo pelo jornal alemão "Bild".

Acredito que todos tenham ouvido falar do avião da Germanwins que caiu na terça-feira (24/03/15) nos Alpes franceses vitimando aproximadamente 150 pessoas. Andreas Lubitiz (28 anos) parece ter derrubado a aeronave deliberadamente, as informações são preliminares e até a data desta publicação, as investigações ainda não tinham sido encerradas.

Dias depois do acidente vários especialistas da aviação, além dos psicólogos e psiquiatras começaram a traçar um perfil deste copiloto, fazendo levantamentos da sua infância e dos problemas que, para eles, traçaram o destino deste jovem.

Meu texto hoje não é para tentar fazer mais uma analise especializada, até porque não possuo especialização alguma nesta área, a não ser o que a vida me ensinou na pratica.

Nenhum sentimento de perda pode ser maior do que perceber que estamos perdendo a nossa vida. O que pode nos causar tamanho sentimento negativo a ponto de levar alguém a por um ponto final?

Talvez um amor não correspondido, a perda de alguém que amamos, seja pelo desejo de separação ou a fatalidade da morte que todos um dia vamos passar. Tudo isto colabora com um sentimento tão destrutivo como este, embora não justifique.

É triste pensar em uma pessoa tão jovem tomar uma decisão tão dramática como esta, mas meus pensamentos vão além, nas outras 149 pessoas que não tiveram escolhas e suas vidas foram interrompidas tão bruscamente.

Quando nos deparamos com a incapacidade de nos salvar, de sentir que nada mais que possamos fazer é suficiente para nos manter respirando e que esta escolha está nas mãos de outra pessoa, não existe desespero maior que este.

Guardando suas devida proporções, podemos comparar com o amor, de uma certa forma é entregar a direção daquilo que nos conduz, é fechar o olhos e ser guiados como cegos por caminhos que não conhecemos, por isto o amor não pode ser tão banalizado como acontece hoje. 
A cada dia as pessoas dão menos valor por algo tão valioso como a vida, Oscar Wilde dizia que "viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existem."

A pergunta que me vem a mente é:  Quantas pessoas dentre as 149 vitimas estavam vivendo e quantas estavam apenas sobrevivendo?

Pensar que, talvez, muitas destas pessoas ainda não conheciam a vida e tudo que ela podia oferecer, porque estavam apenas sobrevivendo.
Não conheço nenhuma das vitimas, estou apenas conjecturando, mas estas minhas conjecturas podem servir para quem está lendo este texto, fazendo uma analise em sua "própria" vida.

Se puder deixar um conselho a todas as pessoas que conheço e outras que leem este texto, diria algo que não escrevi, mas que concordo plenamente com a autora Clarice Lispector:  
" Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."

É isto, não se preocupe em entender cada situação, cada detalhes que a vida coloca em sua frente, nem todas elas tem um entendimento, as vezes nem mesmo uma coerência, mas concentre-se nas oportunidades e nas mudanças que elas podem trazer para sua vida. 
A felicidade não é um "objetivo", mas sim consequências de suas atitudes diante da vida, suas escolhas e os caminhos que decide seguir.

Pense nisto. " Não podemos escolher como vamos morrer, ou quando. Podemos somente decidir como vamos viver." Joan Beaz





Ajude-nos a divulgar os nossos textos utilizando os "quadradinhos" abaixo para compartilhar. "Um público comprometido com a leitura é crítico, rebelde, inquieto, pouco manipulável e não crê em lemas que alguns fazem passar por ideias." Mário Vargas LIosa
Ler mais sobre o acidente aqui.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Aprendendo a Se Conhecer


Como anda a sua balança?
Sim, é isto mesmo, a sua balança, aquela a qual você usa para pesar as atitudes das pessoas. 
Desde criança aprendi que não podemos julgar alguém, mas será que isto se aplica a suas atitudes?


Acredito que não, quando avaliamos a atitude de uma pessoa, não estamos definindo o seu caráter, estamos apenas procurando entender se ela agiu de forma certa ou errada em determinada situação.

Para conseguir entender isto precisamos calibrar a nossa balança, não deixar que uma avaliação errada de nossa parte prejudique alguém.

Hoje tirei o dia para rever algumas das minhas atitudes, já que posso julgar as dos outros, porque não começar olhando para dentro. Esta é a melhor forma de calibrar a nossa balança.

Nesta minha autoanalise revi comportamentos e a forma que tratei algumas pessoas e comecei a me colocar no lugar delas, fazendo um grande esforço de empatia.

Cheguei à conclusão que fui grosseiro algumas vezes e até injusto em outras, mas o resultado foi satisfatório  porque meu senso me mostrou, rapidamente, que soube voltar atrás quando precisei. Sempre há tempo.

No geral acho que fui bem, consegui fazer amizades, ser útil em vários momentos, despertei o sentimento de saudade em algumas pessoas e consegui ver sorrisos e euforia no rosto de outras quando chegava em alguns lugares (apesar que ao ir embora a alegria era maior, mas isto não vem ao caso agora), até mesmo o sentimento de amor consegui sentir nascer.

Em determinados momentos consegui enxergar quais eram meus medos e limites, assim pude entender os que ultrapassei e, como consequência, acabava entrando na vida de outras pessoas de forma arbitrária.

Poucas vezes paramos e dedicamos um tempo para nós, quando isto acontece queremos descansar, de preferencia não pensar em nada, ainda mais em problemas.
Reavaliar o nosso dia, nossas atitudes e ver o que poderia ser diferente, é um exercício que deveríamos fazer em todo final de tarde, lembrando que outro dia virá ao amanhecer e começa-lo com atitudes diferentes, talvez seja a chave para abrir novas portas.

Já ouvi muitas pessoas reclamando que todos os dias são iguais, mas na verdade eles são assim porque as nossas atitudes são sempre as mesmas diante da vida.
Só conseguem mudar situações aqueles pessoas que realmente se conhecem, que entendem o seu potencial e se adaptam as circunstancias.

Não preciso sorrir para tudo, ser simpático em todos os momentos, afinal não somos máquinas, mas que estas qualidades sejam o que nos nove, aquilo que nos muda e nos faz reconhecer quando erramos.

Errar não é a pior parte da nossa jornada, mas insistir em ser sempre o mesmo sim, afinal estamos a cada dia enfrentando novas situações e não convém cometer sempre os velhos erros.

Que a nossa balança esteja sempre equilibrada, porque do outro lado, o contrapeso que usamos para fazer a comparação são as nossas próprias atitudes. 


sexta-feira, 20 de março de 2015

Vencendo Degrau por Degrau

" Tenho o desejo de realizar uma tarefa importante na vida. Mas meu primeiro dever esta em realizar humildes coisas como se fossem grande e nobres." Helen Keller

Quando se é adolescente começam surgir vários desejos, muito impulsionados por hormônios, mas não são estes os desejos a que me refiro, mas sim o desejo da formação pessoal.

A força e a determinação de um jovem é algo fantástico, as coisas parecem fáceis e nada pode atrapalhar os seus objetivos, a não ser a sua própria juventude.

Parece contraditório, mas vamos aprendendo com o tempo que a vida nos coloca em diversas situações contraditórias onde as "vantagem, quando mal utilizadas, pode não ser tão vantajosas assim".

Na nossa juventude contamos com um corpo maleável, um coração que é  uma "maquina" fantástica, podemos compara-lo  com um levantador de um time de voleibol, ou como um meio campista de um time de futebol, ambos alimentando o ataque com o objetivo de marcar pontos ou fazer o gol.
Assim é o coração trabalhando para o cérebro, dando condições, bombeando o sangue e levando oxigênio para que ele faça o seu trabalho. 
Um coração trabalha a todo vapor e o cérebro no mesmo ritmo com suas ideias mirabolantes, revolucionárias estimuladas por um "corpo" saudável e disposto.
Neste período começam a surgir idéias, desejos e muita vontade de executar aquilo em que se pensou, as vezes não o suficiente.

Infelizmente esta máquina perfeita tem um prazo de validade, quando não interrompida de forma brusca, suas forças se esvaem naturalmente até já ter cumprido o seu papel.
A vida também é assim quando falamos em carreiras, em objetivos e formação. Quando estamos na melhor época onde temos a força da juventude e a vontade para abraçar o mundo, é quando precisamos criar as nossas bases, fortalecer as nossas estruturas e garantir uma vida mais leve no futuro para um coração que certamente estará cansado.

A cada dia que passa menos jovens pensam desta forma, está cada dia mais na "moda" o desejo de transformar, de mudar, de refazer e criar o seu próprio estilo de vida. Lendo assim parece algo normal e a maneira certa de se pensar, afinal o que tem de errado em querer buscar coisas novas e ser diferente desta sociedade tradicionalista?
Não tem nada de errado, quer dizer, no pensamento, mas erramos feio na maneira que buscamos isto para nossas vidas, infelizmente. 
Uma parcela muito grande de jovens descobrem que foi apenas perda de tempo a tentativa de pular fases importantes da vida, quando se volta para o caminho de onde nunca deveria ter saído, se percebe que foram dias, anos perdidos com algo passageiro, algo que não somou nada, apenas subtraiu emergia.

Buscar objetivos não quer dizer, necessariamente, mudar tudo, criar novos caminhos, desmerecer o que já foi criado ou o modelo existente.
A modernidade existe é é algo real, novos pensamentos surgem a cada dia, a forma de ser, coisas que não eram aceitas antes e hoje se vê com normalidade, nada disto é errado, mas existe algo que não muda e jamais mudará. Enquanto tivermos a força da juventude e a disposição para alcançar objetivos, é esta a hora de se garantir na vida, buscar uma profissão, criando bases para que depois possamos realizar outros desejos, outros sonhos.

Todos aqueles que conquistaram coisas novas, que revolucionaram suas épocas, antes disto criaram bases sólidas em suas vidas. Costumo dizer que as únicas exerções a esta regra são os fanqueiros, mas nem todos nascem com este "talento". 

Este texto é mais como um conselho, quando sonhamos e partimos para buscar este sonho, precisamos saber que existem degraus que não podem ser pulados.
Um sonho que se transforma em objetivo e é batalhado ignorando estes degraus, é como viver nas nuvens, tentar voar sem asas, alcançar as alturas tentando pular ao invés de subir degrau por degrau.

A alguns dias atrás comentei com uma pessoa muito importante para minha vida, falávamos sobre a saúde física, disse a ela que nem todos os alimentos são de gosto agradáveis, mas na vida nem todo gosto é doce, infelizmente algumas coisas necessárias são amargas.

As fases da vida são assim, nem todas elas são agradáveis para determinadas pessoas, muitas até gostam, mas gostando ou não estas fases são necessárias e quanto mais reclamamos delas pior elas ficam.
Cícero dizia: "Os desejos devem obedecer a razão"
Todos nós sabemos que é muito mais fácil falar do que fazer, usar a razão quando o desejo nos devorar é muito complicado, mas aqueles que conseguem isto são os que mais tem chances de vencer na vida.

Uma dica para que possamos ficar bem em todas estas fases de nossas vidas é; dar valor as pequenas conquistas, a coisas "chatas" mas necessárias. Festejar cada uma delas como uma vitória pessoal, porque o sorriso mesmo que imposto, alivia o gosto amargo de qualquer remédio. 

Acredito que depois de ler até aqui se entenda melhor a frase inicial, convém voltar e ler novamente, agora com mais propriedade para entende-la.


segunda-feira, 9 de março de 2015

Aprenda a Liberdade

Simone de Beauvoir
Lutar por seus direitos, o que vem a ser isto?
Quais os direitos importantes aos quais gastamos nosso vocabulário para buscar, para ir atrás, nos indispor com pessoas e classes, quais os efeitos de tudo isto?
Quando lutamos por liberdade temos que entender que este direito atinge, também, quem pensa diferente de nós, é onde “mora” as maiores divergências.
Sabe qual a melhor frase sobre liberdade a qual já li?


“..Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido", mas eu não deixarei que nada domine."

Bom, basta uma busca rápida nos sites de pesquisa e saberão de onde e de quem é a frase, não menciono aqui porque existem preconceitos e muitos leitores deixariam de ler o resto por isto. Sim, preconceito existe em todas as áreas de nossa vida, até de quem se julga ser perseguido por ele.

Muitas pessoas buscam o direito de liberdade, mas não exitam em cercear o direito dos outros em se expressar.

Esta frase, independente de onde foi tirada ou qual seu autor, é a expressão da liberdade onde toda ação gera uma reação, tudo que fazemos gera as consequências e por mais livres que possamos ser ou nos sentir, somos responsáveis e estamos “presos” a esta responsabilidade.

Tenho o direito de escolher meu time de futebol, meu filme favorito, o caminho ao qual desejo seguir para chegar a determinado lugar. Temos o direito, também, de escolhas mais profundas, como nossa formação, em assumir nossa sexualidade, nossas crenças e até a presidência da nação.

Todas estas escolhas envolvem importâncias únicas, não é por estar em uma mesma lista que significam a mesma coisas, a importância é dada por cada um de nós, temos a liberdade de entender o que é mais significativo em nossas vidas.

Por que uma escolha feita por outra pessoa nos afeta tanto, já que buscamos liberdade de direitos para todas as pessoas?

Veja que paradoxo engraçado entre duas linhas de pensamento:
Um cristão condena a homossexualidade porque acredita que vai contra os princípios de Deus, em sua luta contra isto atinge pessoas que são a favor desta pratica. Os cristãos acreditam que precisam pregar o evangelho a toda criatura.

Por sua vez, os movimentos homossexuais, condenam os movimentos cristãos pelo que entende como repressão ao que eles acreditam sobre liberdade. Os homossexuais acreditam que merecem ser respeitado por suas escolhas ou por quem são.

Qual a dificuldade de um lado respeitar o outro em suas certezas?
Não existiria dificuldade se o principio básico da liberdade fosse respeitado, o que é justamente que se respeite o cidadão, a pessoa em si independente daquilo que ela acredita.

A minha liberdade não pode interferir na sua, e o contrário é verdadeiro. Quando desejamos impedir alguém de falar aquilo que acredita estamos interferindo em sua liberdade de expressão, desde que não se ofenda a moral ou fisicamente, as opiniões, escolhas, condições e crenças não pode ser reprimidas.

Uma frase antiga que já ouvi até em letras de musicas diz assim: “Um erro não justifica o outro”, bem verdadeiro.

Não se combate o mal com o mal, as pessoas usam armas que lhe dispõem usar, se você for uma pessoa má, só terá maldade, mas se você for uma pessoa boa, não importa com o que lhe atinjam, use apenas aquilo que tem de melhor.

Respeitar as pessoas é o principio da liberdade, posso sim tentar mudar a opinião de alguém, porque tenho liberdade para tentar, o que não posso é obriga-la a isto usando de ofensas, repressão ou ameaças contra ela.

Quando tentamos impedir que alguém fale o que pensa ou viva o que acredita,  apenas por não concordar com ela, estamos na contra mão da liberdade.



sexta-feira, 6 de março de 2015

Reavaliação

De tempos em tempos é importante parar e fazer uma analise do nosso comportamento revendo algumas atitudes. Já cheguei a escrever sobre isto anteriormente.

Nesta minha autoanalise ou reavaliação,  revi comportamentos sobre a forma com que tratava as pessoas e em um exercício de empatia me coloquei no lugar delas.

Cheguei a conclusão que fui grosseiro algumas vezes e até injusto em outras, mas o que sempre sobressaiu em meu comportamento foi a honestidade nos sentimentos.

Nesta autoanalise que fiz consegui me enxergar, ver quais eram meus medos e limites, assim pude entender quais estavam ultrapassando e, automaticamente,  entrando na vida de outras pessoas de forma arbitrária. Não é uma questão de arrependimento, mas de reconhecimento,  uma forma de fazer justiça com quem nos acompanham e convivem em nosso dia a dia.

Na vida existem vários tipos de pessoas, todas elas com defeitos  e qualidades assim como nós. Não precisamos aceitar nenhum tipo de atitude, mas devemos respeitar suas escolhas e entender suas fraquezas.

Podemos ser tolerantes, mas não somos obrigados a conviver com atitudes que não nos agrada, hoje estou avaliando e fazendo as minhas escolhas.


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