“Nunca vai estar tudo bem. Há sempre
quem julgue as tuas decisões, quem te engane, que te passe ilusões. Há sempre
quem diz mal, quem te dá demasiadas expetativas.
E é para isso que cá estamos,
mesmo depois de muitos anos, ainda vais descobrir quem te possa magoar. É a lei
da vida. Ou então não.
Pelo menos não deveria ser. E para ficar tudo bem,
apenas tens de escolher quem achas que esta do teu lado sempre. Porque a
maioria quer te ver bem, mas nunca melhor do que tu. ”
Esta semana ao entrar no meu perfil, me deparei com estas palavras escritas por alguém de
meus contatos, como de costume tentei entender todo contexto e trazer uma
reflexão para este momento descrito que, com certeza, não é exclusivo.
Por
que as ações das outras pessoas no fere tanto?
Talvez
porque nos importamos com elas. É fácil perceber que todas estas queixas que nos entristecem
vêm de atitudes de outras pessoas, não são frutos das nossas atitudes, as vezes
são consequências, mas que sempre virão de outras pessoas a nos atingir.
Não somos como uma ilha, mas somos cercados de sentimentos. Vivemos em sociedade e por isto é importante
saber a diferença entre “depender” e “precisar”.
Precisamos de uma palavra de conforto, de um carinho, um
gesto de cumplicidade, um abraço apertado, um sorriso honesto, amizade sincera
e um amor verdadeiro. São fatores que nos incentivam, mas até que ponto devemos
depender deles?
Embora pareça uma análise fria sobre o assunto, mas na
verdade é uma avaliação bem objetiva do comportamento humano em relação a tudo
que nos importa.
“Há sempre quem julgue as tuas decisões”. Sim.... Na verdade, vivemos em uma vitrine, mas
os julgamentos que fazem a nosso respeito não deveriam nos abalar tanto, afinal não há um
ser humano competente o suficiente para julgar outra ser humano.
“...quem te engane, que te passe ilusões...”. Costumo
dizer que a nossa fragilidade motiva o desejo que tudo seja verdadeiro, que nos leva ao engano, que nos ilude e nos faz continuar neste caminho. Algumas pessoas não
conhecem limites para ter o que deseja, mas a nossa dependência delas que
nos fazem prosseguir neste caminho.
“Há sempre quem diz mal, quem te dá
demasiadas expetativas...” Tudo gira em torno da nossa fragilidade, do
quando precisamos ouvir de outras pessoas que podemos, que somos suficientes e capazes, esta dependência nos torna vulneráveis.
“E é para isso que cá estamos, mesmo depois
de muitos anos, ainda vais descobrir quem te possa magoar...” Em determinados momentos nos entregamos ao conformismo, a aceitar uma situação que nos magoa, a achar normal pensamentos de que “são todos iguais” ou “sempre haverá alguém assim”, quando na
verdade e apesar de tudo, quando deixamos de acreditar nas pessoas, perdemos nosso
referencial. Confiar não quer dizer se entregar cegamente, mas descansar dentro
do tolerável, entendendo as fraquezas alheias.
“É a lei da vida. Ou então não. Pelo menos
não deveria ser.... “ As leis da vida são baseadas nos limites que
respeitamos. Quando conseguimos entender as fronteiras de nossa vida, quando
termina a nossa liberdade para começar a de outra pessoa, tudo que fazemos
dentro do tolerável é o que define o nosso futuro, quando ultrapassamos damos o
direito para que outras pessoas interfiram em nossas vidas também.
“E para ficar tudo bem, apenas tens de
escolher quem achas que esta do teu lado sempre. Porque a maioria quer te ver
bem, mas nunca melhor do que tu. ” As pessoas só conseguem te dar aquilo que elas tem dentro de delas, seja coisas boas ou ruins.
Estamos sempre aprendendo e evoluindo com tudo aquilo que conseguimos filtrar e trazer para nossas vidas, é o que nos torna quem somos.
É difícil compreender atitudes negativas nas pessoas quando não temos isto como parte de nós, mas precisamos tolerar e perdoar, entender que precisamos conviver com isto, mas não somos dependentes delas.
As pessoas evoluem, mais a frente talvez elas mudem e poderemos enxerga-las como uma nova pessoa, mas isto se tornará muito difícil se hoje julgarmos suas atitudes e as condenamos como alguns fazem.
O fundamental e tentar conhecer a nós mesmos, é o ponto central de tudo; saber tirar das pessoas o que elas têm de bom, tolerar suas falhas, afinal todos
somos sujeitos a elas.
Testo inicial de: Carina Castanheira
Reflexões de: