“Não sei se escrevo crônicas, contos, poesias, piadas, verdades ou mentiras... Seja o que for, escreverei de forma breve como a vida....... Histórias breves de personagens breves que, em maior ou menor grau, são fragmentos do que sou e procuro eternizar.”

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Aprendendo com a Idade

Sempre fui da opinião que a maioria das histórias ou reflexões, nascem inspiradas em relatos que acontecem em nossos dias ou narradas por pessoas que conhecemos. 

Como dizia Lavoisier ( o primeiro cientista a enunciar o princípio da conservação da matéria): “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”
Embora seja apenas de um relato, mas assim também faremos, vamos transformar um acontecimento simples em uma situação que nos faça pensar, que possamos sentir todos os sentimentos bons que esta verdade possui.

Espero que façam isto de coração aberto, pois é a forma correta quando falamos de amor. Vamos lá:

“Hoje foi um dia importante.
Estava eu, num daqueles lugares infernais com muita gente, sentada à espera da minha vez.
Toda a gente com ar sisudo, cansados de esperar.. ninguém falava.
À minha frente estava um casal com os seus 65/70 anos.
Como não tinha nada para fazer para além de esperar, fiquei por momentos a observá-los.
Tinham ainda aquele ar de apaixonados como se fossem dois miúdos..
Eu sorri. Eles sorriram para mim.
Ele muito calado e sereno. Ela muito nervosa, insegura e um pouco cansada...
Chamaram o número deles. Ele olhou para ela, deu-lhe a mão e perguntou-lhe "queres que vá contigo?". Ela, envergonhada, mas com aquele ar de menina apaixonada, disse baixinho que sim. 
Ela levantou-se. Com alguma dificuldade, ele também.
E foi com ela, como deve ter feito durante toda a sua vida.”

Sem ter nenhuma base científica a não ser a observação, acredito que enxergamos o amor de várias formas com o decorrer dos anos. Assim podemos dizer que felizes são aqueles que resistem a tantas mudanças que ele proporciona para os corações puros.
As veze duvidamos de um amor na adolescência e nos questionamos; como um sentimento tão complexo pode ser entendido com tão pouca idade?
Vai-se passamos os anos e pensamos estar mais experientes para ele, talvez agora possamos domina-lo com uma maior compreensão; concluímos equivocadamente.

É quando descobrimos que o amor não é uma regra exata, que independe da idade, mas sim da verdade que ele faz sentir as pessoas “contaminadas” por ele.

Costumo dizer que o amor é um sentimento perfeito que habita em pessoas imperfeitas, muitos conseguem vivencia-lo, mas outras possuem o dom para desperdiça-lo.

Quando observamos pessoas com uma certa idade, como esta descrita no relato acima e ainda com a sua companheira de uma vida inteira, compreendemos a longa jornada e sentimos a satisfação de presenciar um amor verdadeiro. Um amor que não se importa com aparências, mas o companheirismo, a cumplicidade e a satisfação de dividir os seus momentos.

Quem narrou este fato conseguiu enxergar uma vida inteira em poucas horas de convívio, apenas observando, porque o amor é assim, se mostra nas atitudes de um olhar, de um carinho e da preocupação estampada nos pequenos gestos.

Para quem está do lado de fora, a beleza deste amor pode mudar, mas para quem vive este sentimento, nada muda a não ser a intensidade cada vez maior do um desejo de sempre estar junto da pessoa amada. 
Esta é uma história de vida como muitas que existem por ai, mas fico feliz quando fatos como estes não passam desapercebidos e podem ser compartilhados para muitos que não conseguem entender a grandeza deste sentimento.

Vivemos em um mundo cada vez mais materialista e de aparências, com pessoas ensimesmadas. Convêm olhar um pouco para trás e enxergar fatos como estes aos quais podemos tirar lições preciosas, diria que é uma questão de sobrevivência.


Fato vivido e narrado por: Melissa Ferreira


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