“Não sei se escrevo crônicas, contos, poesias, piadas, verdades ou mentiras... Seja o que for, escreverei de forma breve como a vida....... Histórias breves de personagens breves que, em maior ou menor grau, são fragmentos do que sou e procuro eternizar.”

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Meu Sumatanga

Em algumas estradas antigas da Índia, em determinadas regiões, foram construídos em percursos distantes, uns suportes que são feitos de pilares de pedras sobrepostas e presas ao chão com a altura de um homem e na parte de cima colocaram uma prateleira. A esta construção foi dada o nome de “sumatanga”.

Dizem que estes “sumatangas” foram feitos por ordem de hindus ricos, para servirem de “porta carga”, lugares de descanso e alivio para os carregadores de fardos que carregavam suas cargas nos ombros. Eles chegam nestes lugares e colocam suas cargas ali para descansar e depois continuar a jornada.
Qualquer carregador, que andando por aqueles caminhos e encontrasse esta construção feita de pedras, respirava aliviado.

Recentemente escrevi para alguém muito especial em minha vida e fiz um paralelo usando este relato. Tentei mostrar para ela os meus sentimentos e minha vontade de ser um “sumatanga” em seu caminho, de poder receber seus problemas que se transformam em fardos e que estão a pesar em sua vida. Minha intenção era tentar aliviar os seus dias ou ao menos diminuir seus esforços.

Nossos olhos não estão acostumados a enxergar além, muitas vezes observamos apenas o que é físico, visível e por vezes deixamos de nos compadecer com as dores. Não conseguimos ver quando as cargas que pessoas próximas a nos carregam são emocionais, problemas em casa, no trabalho e em seus próprios conflitos. Precisamos exercitar nosso olhar.

Muitas vezes nos eximimos de oferecer nosso ombro e o nosso carinho, principalmente em dias tão conturbados que nos tornam mais insensíveis a cada amanhecer.

Sumatanga é uma construção física, mas nós podemos ser para alguém este lugar de refrigério, onde elas possam parar por alguns momentos e depositar em nos tudo aquilo que pesa, que as fazem sofrer. Tenho a certeza que não apenas elas sairão aliviadas, mas nós também em poder ajudar.

Hoje tu podes ser o “sumatanga” para alguém, mas amanha poderá ser a sua vez de encontrá-la para repousar as suas cargas e respirar aliviado.

John Donne dizia que: “Nenhum homem é uma ilha, completo em si próprio; cada ser humano é uma parte do continente, uma parte de um todo.”

Na verdade somos dependentes de sentimentos e compaixão, de doar e de receber, de amar e ser amado. Não apenas um amor carnal, mas aquele amor onde nos sentimos parte de alguém ou de algo; onde nos sentimos importantes e conseguimos compreender e perceber a reciprocidade dos sentimentos.

Problemas sempre irão existir, não existem formulas mágicas para ter uma vida livre de turbulências, mas quanto menos deixarmos que ele nos domine, melhor. Os dias são medidos por tempo, cada momento deve ser usado com um proposito e os problemas de ontem não podem estragar o dia de hoje ou viveremos sufocados.

Tenha sempre em vista esta construção de pedras sobrepostas, seja para alguém uma delas e independente de sua posição nesta situação, certamente sairá descansado e fortalecido.

Soli Deo Gloria.



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