“Não sei se escrevo crônicas, contos, poesias, piadas, verdades ou mentiras... Seja o que for, escreverei de forma breve como a vida....... Histórias breves de personagens breves que, em maior ou menor grau, são fragmentos do que sou e procuro eternizar.”

sexta-feira, 25 de março de 2016

Mentir de ser Feliz

“Sou feliz só por preguiça. A infelicidade dá uma trabalheira pior que doença: é preciso entrar e sair dela, afastar os que nos querem consolar, aceitar pêsames por uma porção da alma que nem chegou a falecer.” (Revista Pazes - Mia Couto)

Este trecho define meu estado de espírito hoje, a preguiça de ficar lamentado a perda de alguém tão especial, não para a morte, mas para outra vida que não ao meu lado me fez renascer.

Para muitos seria motivo suficiente para afogar as mágoas em garrafas, e noites mal dormidas, confesso que fiz isto e não me arrependo, mas busquei superar com aquilo que sei fazer de melhor. Consegui trazer sorrisos as vezes falso e outras vezes forçado, acredito naquela velha máxima que uma mentira contada insistentemente se transforma em verdade, não sei ao certo, mas que seja apenas a minha verdade.

Tenho dificuldade para entender pessoas pragmáticas, que vivem sob regras, mas em algumas situações elas são úteis, como ao enfrentar situações complicadas e principalmente envolvendo sentimentos. Quando abrimos mão daquilo que queremos muito nos proibindo de ter, é uma boa ideia encarar como uma regra de vida, embora tão difícil como lutar contra um vicio que te devora.

Não existe nada fácil, mas a felicidade, embora poucos concordem, é mais fácil de lidar mesmo quando todas as situações conspiram contra nós.

A vida nos dá vários “pontos de vista”, nós é que insistimos em olhar por apenas um deles, geralmente aquele que nos faz sofrer, o lado mais doloroso.
Se começarmos a analisar de forma imparcial tudo que temos e conquistamos, não somente o lado material, mas as pessoas que estão a nossa volta, as circunstancias, estudos, profissões e o caminho que ainda temos a percorrer, certamente vamos encontrar motivos para sorrir aliviado e muitas vezes ficaremos satisfeitos. Oportunidades que superam nossas frustrações.

Esquecer é impossível, a dor não diminui como dizem os poetas, mas aprendemos a conviver com ela e as lembranças apenas confirmarão o quanto ficamos mais fortes.

O amor é eterno, mas não proporcionalmente deve ser a dor, porque a vida não te permite esmorecer e quando isto acontece te obriga a parar no tempo e envelhecemos sem perceber.
A velhice não se mostra em teus anos de vida, mas nas vezes em que parou no tempo para lamentar ou sofrer por algo ou alguém.

Todas as pessoas que passam por nossa vida deixam marcas que ficarão gravadas em nós, basta saber como que vamos querer nos lembrar delas.

Tenho muita dificuldade em me desligar de uma pessoa, mesmo que tenha me feito mal, muito pior ainda quando é alguém que me fez um bem tão grande me mostrando o quando é maravilhoso viver.
As vezes isto acontece, precisamos nos afastar e o sofrimento é inevitável, nesta hora é bom ter preguiça de sofrer, faz um bem tão grande. 

Guilherme Martins

quinta-feira, 24 de março de 2016

Problemáticas da Vida

Conversando com uma amiga estes dias percebi o quanto é difícil mudar uma ideia formada sobre algo visivelmente contraria a sua opinião.
Como mostrar a alguém seu valor quando ela própria não consegue enxergar?
Todas as suas qualidades parecem não ter importância, é como se, para ela,  fosse uma obrigação ser assim com as pessoas, pronta para ajudar em qualquer situação e vê-las felizes, mas rejeitando o sua própria felicidade, pegando carona na felicidade alheia.

Seria uma lista enorme descrever suas qualidades, virtudes e o quando é especial, mas as palavras não fazem mais efeito para alguém que se convenceu que tudo que acontece de ruim é porque merece ou são efeitos de erros anteriores ou vidas passadas, para quem acredita nisto.

Respeitando todas as linhas de pensamentos e sem querer entrar no mérito da questão, o importante é entender que cada situação deve ser resolvida no “aqui e no agora” e o sofrimento é algo que não podemos evitar, mas o sofrer é uma escolha, uma entrega.

Todos nós temos valores, todos merecemos o melhor e nada pode justificar uma entrega ou desistir da felicidade assim. Por outro lado, nada nos garante que seremos, mas uma pessoa sem esperanças é alguém sem objetivos para sua vida.

Não temos certeza de nada nesta vida e não serei previsível em dizer que só temos certeza da morte, não se preocupem, mas é uma verdade inegável.

Hoje andamos em calçadas planas e bem feitas, mas amanha pode aparecer buracos que nos fazem tropeçar, ou o contrário, não importa, o fato é que a estrada segue e o que fica pelo caminho são apenas pedaços que já não fazem mais diferença.

O que realmente importa são as pessoa que conhecemos e mantemos dentro de nós, mesmo que já não façam mais parte de nossas vidas.

Acreditar em si, mesmo quando estamos despedaçados é fundamental, essencial e uma questão de sobrevivência.

Não sobreviva apenas, mas viva intensamente sua solidão, porque na verdade estar só não existe, sempre estamos com a pessoa que mais deveria nos importar, basta se olhar no espelho para conhece-la. 

Assim como uma pessoa ensimesmada é prejudicial a saúde, alguém que não consegue enxergar o seu valor sofre das mesmas dores sentimentais.

Não podemos ter medo de viver, de errar e acertar, o importante é entender que “...tudo vale a pena, quando a alma não é pequena”. Quando aprendemos e reconhecemos quando erramos e respeitamos as pessoas com humildade.

Tudo que tentamos pode dar errado,aparentemente, mas é inevitável perceber o quanto evoluímos, o quanto crescemos como pessoa e precisamos usar isto a nosso favor e não encarar como derrota.

A felicidade não é algo determinado, uma situação favorável ou algo palpável, mas se encontrar, seja em que estado de espírito estivermos, felizes, tristes, vitoriosos, derrotados.... Não importa, quando nos reconhecemos como pessoa entenderemos o que nos é de fato suficiente.
Um copo meio cheio, ou meio vazio?  
Sua percepção, seu ponto de vista para esta situação, determinará se escolheu viver compreendendo o que a vida lhe oferece ou se questionará suas opções.
Não devemos viver conformados, mas existe uma grande diferença em encarar de forma aberta uma situação ou desistir nos sentindo incapazes.

Guilherme Martins

domingo, 20 de março de 2016

Impulsividade

Acho que as vezes (certamente), me torno repetitivo, mas sempre lembro-me de uma canção antiga  onde a letra traduz exatamente meus pensamentos em determinadas situações: “....Certas canções que ouço, cabe tão dentro de mim, que perguntar carece, como não fui eu quem fiz?..” (Certas canções", de Tunai e Milton Nascimento, 1982).

Mencionei esta letra porque não se aplica apenas as canções, mas a pensamentos, poesias, opiniões e textos de uma forma geral.
Situações relatadas por quem não conhecemos, mas que se encaixam exatamente no momentos em que vivemos.
As vezes as coincidências nos assustam, mas também servem para nos mostrar que não estamos sozinhos e nossos momentos, sejam eles tristes ou felizes, não são exclusivos, muitos vivem situações idênticas as tuas.

Faz bem refletir sobre isto e pensar que não somos menos capazes que outros para resolver nossos problemas, é tudo uma questão de observar e entender que não é a força que determina quem pode ou não suportar situações complicadas, mas aqueles que conseguem enxergar detalhes que só o tempo pode mostrar.

Voltando ao trecho da canção mencionada, acredito que muitas pessoas conseguem se enxergar neste texto abaixo:

"Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever?
Acho que assim: vem-me uma ideia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. […] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente?
Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta?
E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda, ou nunca serei." ( Clarice Lispector, no livro “Aprendendo a viver”. Rio de Janeiro: Rocco, 2004).

A impulsividade faz parte de todos nós, há situações onde o controle se torna impossível, justamente é quando contamos com a “sorte”, que pode ou não está a nosso favor.

Mas nem sempre podemos entrar por este caminho, mesmo quando não encontramos outro. As vezes é melhor sentar na beira da estrada, fechar os olhos, respirar fundo e demore o tempo que demorar, mas ao abrir os olhos novamente o senária será outro.
Nenhuma estrada resiste quando sempre ficamos a tapar os buracos que aparecem, mas apenas quando resolvemos reforma-la por completo, reestruturando e a deixando com um ”piso” mais resistente.
As mudanças são necessárias, mas quando feitas na base e não apenas superficialmente.

Outro aspecto importante é saber entender quais das nossas necessidades realmente precisam ser preenchidas, porque muitas delas são apenas momentâneas e por mais fortes que elas sejam, seus resultamos são passageiros e nos tornam dependentes delas.

Sobrevivam aos desastres de nossas jornadas na vida deixando tudo que vem a nossa frente melhor do que o passado, não traga para o “amanha” metades ou partes que sejam pequenas de situações degradadas e corrompidas por tudo que viveu no passado.

Guilherme Martins (eterno otimista para a vida dos outros)
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