Acho que as vezes (certamente), me torno repetitivo, mas sempre
lembro-me de uma canção antiga onde a letra traduz exatamente meus pensamentos em determinadas situações: “....Certas canções
que ouço, cabe tão dentro de mim, que perguntar carece, como não fui eu quem
fiz?..” (Certas canções", de Tunai
e Milton Nascimento, 1982).
Mencionei esta letra porque não se aplica
apenas as canções, mas a pensamentos, poesias, opiniões e textos de uma forma
geral.
Situações relatadas por quem não conhecemos, mas que se encaixam exatamente no momentos em que vivemos.
As vezes as coincidências nos assustam, mas também servem para nos mostrar que não estamos sozinhos e nossos momentos, sejam eles tristes ou felizes, não são exclusivos, muitos vivem situações idênticas as tuas.
Faz bem refletir sobre isto e pensar que não somos menos capazes que outros para resolver nossos problemas, é tudo uma questão de observar e entender que não é a força que determina quem pode ou não suportar situações complicadas, mas aqueles que conseguem enxergar detalhes que só o tempo pode mostrar.
Voltando ao trecho da canção mencionada, acredito que muitas pessoas conseguem se enxergar neste texto abaixo:
"Sou o que se chama de pessoa
impulsiva. Como descrever?
Acho que assim: vem-me uma ideia ou
um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio:
às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro
completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples
infantilidade.
Trata-se
de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso
controlá-los. […] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os
resultados resignadamente?
Ou devo
lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta?
E também
tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um
jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E
certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura
bastante ainda, ou nunca serei." ( Clarice Lispector, no livro “Aprendendo a viver”.
Rio de Janeiro: Rocco, 2004).
A impulsividade faz parte de todos
nós, há situações onde o controle se torna impossível, justamente é quando
contamos com a “sorte”, que pode ou não está a nosso favor.
Mas nem sempre podemos entrar por
este caminho, mesmo quando não encontramos outro. As vezes é melhor sentar na
beira da estrada, fechar os olhos, respirar fundo e demore o tempo que demorar,
mas ao abrir os olhos novamente o senária será outro.
Nenhuma estrada resiste quando
sempre ficamos a tapar os buracos que aparecem, mas apenas quando resolvemos
reforma-la por completo, reestruturando e a deixando com um ”piso” mais
resistente.
As mudanças são necessárias, mas
quando feitas na base e não apenas superficialmente.
Outro aspecto importante é saber
entender quais das nossas necessidades realmente precisam ser preenchidas,
porque muitas delas são apenas momentâneas e por mais fortes que elas sejam,
seus resultamos são passageiros e nos tornam dependentes delas.
Sobrevivam aos desastres de nossas
jornadas na vida deixando tudo que vem a nossa frente melhor do que o passado,
não traga para o “amanha” metades ou partes que sejam pequenas de situações
degradadas e corrompidas por tudo que viveu no passado.
Guilherme Martins (eterno otimista
para a vida dos outros)