Era hora de escrever, pedia a minha alma, sem saber ao certo
sobre o quê. Não era sobre o amor... Não era sobre feridas... Agora sei! Sobre mim mesma! Percebi que tenho
levantado com mais leveza, com um humor equilibrado, com esperança no peito,
com desejo de liberdade, com sentimentos bons. Isso, algum tempo, já não
acontecia com tanta frequência.
Tal análise me veio quando a imaginação se deteve aos direitos
que tenho em ser eu mesma, respeitando aquilo que amo imaginar para a vida.
Quando tomei coragem para desejar bênçãos para
quem chegou de forma apaixonante perto de mim, para quem foi porque
precisava ir, para quem se aproximou e não quis me entender, para quem me disse
palavras “Tortas”.
Descobri, com o tempo, com experiências, com doses de
sabedoria, que não há nada mais edificante do que entregar-se ao
que é bom, ao que me faz sorrir, ao sonho mais absurdo, as pessoas que me fazem
bem e , sobre tudo, entregar-se ao desejo de ser alguém melhor. Quem exerce o
direito de ser difícil sabe que nem sempre deve se adequar ao mundo. Mas ele,
muitas vezes, deve absorver, respeitosamente, o nosso jeito de ver as coisas e
exigi-las forma que exigimos. É um direito.
Tenho outra sensação: Ao tentar
compreender o papel da minha personalidade nada fácil de ser entendida em tanto
caos, a liberdade tem um limite que só conhece aquele que sabe ser livre. Que
novos lugares rejuvenescem a alma e a tornam mais forte. Que “adotar” pessoas é participar de uma metamorfose. Boa ou ruim,
novas pessoas devem chegar. Sem data, hora, sem expectativa, com um olhar
cuidadoso, mas acolhedor.
Não sei bem se era tudo ou isso que tinha a dizer,
mas o meu coração está aliviado agora. Mas preciso, também, entender porque
essas sensações acontecem costumeiramente. Porventura Deus queira algo de mim
com isso. Quem sabe alguém espera por
tais palavras. Talvez eu mesma me realize a cada vez que me comporto como
alguém que se sente mais confortável em se expressar com caneta em papel em
mãos uma vez que minhas emoções não cabem na memória. Mas é só uma suposição.
Isso tudo depende da liberdade de ser quem sou.
Texto: Heloísa Tamires