A
um bom tempo que não me arrisco a escrever neste blog e neste meu retorno a primeira
dificuldade que tive foi encontrar sobre o que falar, por isto não criem expectativas deste texto.
Embora
tenha gasto um bom tempo pensando e mesmo que tenha ficado
um longo período longe das escritas, os fatos que nos envolvem, as dificuldades por
que passamos e toda complexidade humana nos “surpreendem” sempre com os mesmos dramas. É como se nós não aprendêssemos com nossos erros e falhas e precisássemos ficar revendo como em uma repetição da vida.
Acho
que com esta afirmação não fui muito justo com algumas pessoas, muitas conseguem enxergar depois
de um certo tempo, de ter passado várias vezes por problemas semelhantes e vão
se curando aos poucos, seria mais apropriado dizer isto.
Quando
estamos passando por uma crise, embora não consigamos perceber no meio dela,
as respostas estão sempre a nossa volta, geralmente ditas por pessoas próximas
que nos querem ajudar na tentativa de levantar nossa alto estima.
Por que não damos ouvidos ao que elas falam quando estamos mergulhados em nossos dramas?
Na
verdade acho que não é bem o que elas falam quando estamos em crise, mas sim quando falam.
Explico:
podemos dizer as coisas certas para que as pessoas superem os acontecimentos e
seus traumas, mas estas coisas não surtirão efeito se forem ditas no momento
errado.
Quando
somos surpreendidos por problemas, precisamos de um tempo para processa-lo, até
mesmo quando o sofrimento se instala em nós, ele tem um tempo próprio para permanecer,
só então o “remédio” fará efeito, antes disto é como se nossa mente e corpo criassem resistência contra todos conselhos e lógicas que poderiam nos ajudar.
Dizem
que o tempo é o melhor remédio, mas esta informação não está completa se não for associado com as palavras certas e apoio adequado, sem isto podemos viver hibernados
dentro de nossas cavernas de problemas por mais tempo do que precisaríamos.
Tudo
isto que escrevo aqui veio de experiência própria, mergulhado em um mar de águas
agitadas, sem qualquer perspectiva de encontrar um resgate, mesmo com tantas
pessoas preocupadas em volta me dizendo várias coisas significativas, das quais
só fui dar atenção depois de engolir muita água e muitas braçadas nadando em
círculos.
O
mais curioso é que depois de muito tempo ao parar para ouvi-las, não tinham
nada de novo a me dizer que já não tivessem dito a meses atrás, mas desta vez
ouvi, aceitei e tudo se fez novo.
Assim
é a vida se repetindo e nos forçando a criar calos mentais, resistências a fatos
e circunstâncias, mas como diz a música; “…viver é melhor que sonhar.”
Gosto
muito da letra de um hino que diz assim: “ - Mestre
o mar se revolta, as ondas nos dão pavor. O céu se reveste em trevas, não temos
um salvador. Não se importa que morramos?
Como
podes assim dormir se a cada momento nos vemos prestes a submergir?
(E como resposta ouviram)
-
As ondas atente ao meu mandar, sossegai!”
É
isto, independente de qualquer crença ou mesmo na falta delas, a verdade é que
as ondas da vida atendem a um “mandar”, independente do que possamos fazer ou
tentar nadar contra a maré.
O tempo é fundamental para fazer com que nossos dramas mudem de grau, mas se não associado com atitudes podemos viver esperando e deixando que o melhor da vida passe desapercebido.
Guilherme Martins