"Era uma vez um vasto país
governado por um General.
Os habitantes acreditavam que o
seu modo de vida era o melhor.
Tinham um exército muito forte e
dispunham de canhões.
De tempos a tempos, o General
reunia o exército e atacava um país vizinho. “É para o bem deles,”dizia. “Para
que possam ser como nós.”
Os outros países resistiam, mas
acabavam sempre por ser conquistados.
Com o tempo, o General acabou por
dominar todos os países. Todos, exceto um…
Tratava-se de um país tão pequeno
que o General nunca se tinha dado ao incômodo de o invadir. Só que agora era o
único que restava. Assim, o General e o seu exército puseram-se a caminho.
O pequeno país surpreendeu o
General.
Não tinha exército nem ofereceu
resistência.
As pessoas saudaram os soldados
invasores como se fossem convidados bem-vindos.
O General instalou-se na casa
mais confortável do país e os soldados ficaram em casa dos habitantes.
Todas as manhãs, o General levava
os soldados para marchar e depois escrevia cartas à mulher e ao filho.
Os soldados falavam com as pessoas do pequeno país,
jogavam com elas, escutavam as suas histórias, cantavam as suas canções e
riam-se das suas piadas.
A comida era diferente da deles.
Viam-na a ser preparada e depois
comiam-na. Era deliciosa.
Como não tinham mais nada que
fazer, ajudavam as pessoas no seu trabalho.
Quando o General percebeu o
que se estava a passar, ficou furioso.
Mandou os soldados para casa e
substituiu-os por outros.
Mas não adiantou, os novos soldados
comportaram-se como os outros o tinham feito.
O General percebeu que não
precisava de um grande exército.
Decidiu regressar a casa e deixar
apenas alguns soldados a ocupar o país.
Logo que o General partiu, os
soldados que ficaram penduraram os uniformes e juntaram-se à população nas tarefas do
quotidiano.
O General regressou triunfante a
casa, com os soldados a cantarem, como era hábito:
"Somos os conquistadores.
Somos os conquistadores."
O General estava contente por ter
regressado, embora sentisse que algo mudara.
Os cozidos cheiravam aos
cozidos do pequeno país.
As pessoas jogavam os jogos do
pequeno país.
Até algumas roupas eram iguais às
roupas do pequeno país.
Sorriu e pensou: “Ah! Os efeitos da guerra.”
Nessa noite, quando foi deitar o
filho, o menino pediu-lhe que cantasse para ele.
O General cantou-lhe as únicas
canções de que se lembrava.
Eram as canções do pequeno país.
O pequeno país que ele conquistara."
Tradução e adaptação David McKee - The Conquerors - London, Anderson
Press, 2004
Uma história tão simples e a primeira vista sem nada de diferente, Talvez uma historia de guerra, de batalhas e sangrentas. Na verdade trás uma grande lição.
Não importa como as pessoas julgam a sua importância, o grande segredo é não mudar seus princípios, ter a verdade nas atitudes sejam quais forem as circunstancias.
O autor não finalizou dizendo quem foi conquistado, se o pequeno pais ou o "grande dominador".
O que realmente marca uma conquista é transforação que se faz na vida das pessoas.
O povo daquele pequeno pais continuaram a ser o que sempre foram, mesmo diante de uma grande ameaça, não ofereceram resistência física, mas usou aquilo que de mais precioso poderiam ter, "a verdade com que viviam" e com isto soube dominar com amor os invasores fazendo com que seus costumes virassem rotina na vida deles.
E o que de mais surpreendente poderia acontecer, o grande dominador foi dominado sem perceber, sem que tenha sido derramar uma gota se quer de sangue e ainda voltaram felizes para seus lares levando tudo que aprendeu naquele pequeno pais.
Resenha de: