“Não sei se escrevo crônicas, contos, poesias, piadas, verdades ou mentiras... Seja o que for, escreverei de forma breve como a vida....... Histórias breves de personagens breves que, em maior ou menor grau, são fragmentos do que sou e procuro eternizar.”

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Pequena

Uns chamam de instintos, outros de amor, talvez estes conflitos de informações não sejam tão distintos assim.

O que é o instinto se não a certeza de proteger aquele que precisa de ajudar, que está ao teu lado e também te protege.
O amor é capaz disto também, de proteger e se arriscar por aqueles que amamos e queremos bem.
Parece que estou falando das virtudes dos seres humanos, mas na verdade quero me referir ao amor que os animais, ditos irracionais, tem por seus donos, o quando nos cativa e nos impulsiona a ama-los incondicionalmente.

São arteiros, bagunceiros, nem sempre usam o lugar certo para suas necessidades, coisas corriqueiras que nos acostumamos porque o amor que nos transmite, o carinho e a alegria que sentem ao nos ver chegar supera qualquer detalhe e nos faz esquecer de todas as suas artes e traquinagens.

"A razão de eu amar tanto o meu animalzinho é porque ao chego em casa ele é o único no mundo que me trata como seu fosse Os Beatles." Bill Maher
 
Bem verdade esta frase, eles conseguem nos fazer sentir as pessoas mais importantes do mundo, porque seu amor é único.

Os animais conseguem transmitir uma doçura que ao mesmo tempo conforta e mostra a honestidade dos sentimentos, se gostam de alguém fazem de tudo para agradar, independente do que recebem de volta, mas se não gostam demonstram isto com indiferença, não enganam.

Esta semana que passou conheci um pouco mais sobre o amor de uma pessoa por seu animal de estimação. Uma pessoa incrível, pura e sempre demonstrando o imenso amor por sua gatinha, sua companheira, a alegria de chegar em casa e recebe-la no colo com um carinho sempre todo especial.

Infelizmente foi uma história de amor curta, quis o destino que sua gatinha deixasse esta vida com uma doença incurável, de forma antecipada.

Uma vez perguntaram-me como sei quando fazemos ou não todo possível para quem amamos, sejam pessoas ou animais?
Nesta época não tive respostas, talvez porque minha história de vida não seja das mais felizes, mas conhecendo esta pessoa incrível  fui vendo e aprendi que mesmo quando dedicamos todos os nossos esforços ainda restará o pensamento de que poderíamos ter feito mais.
Isto acontece porque temos dificuldades de conviver com as perdas que a vida nos impõem, de aceitar que somos limitados, não sabemos tudo e não temos poder sobre certas coisas.

Carlos Drumond de Andrade dizia que “ninguém é igual, todo ser humano é um estranho impar”, ele tinha razão. Cada pessoa sente de uma forma, reage de maneiras diferentes, se sacrifica, faz o que acredita dando o seu máximo por aquilo.  
Assim, também,  são os animais, um amor impar mesmo que vivam por instintos, o carinho é únicos, podemos ter a sensação em determinada situações que não fizemos tudo que poderíamos, mas no fundo sabemos quando chegamos ao limite.
Mesmo que o amor que sentimos  nos diz que podemos ir além, mas a vida conta com a razão e é ela quem decide a hora de parar.

Quando perdemos um animal de estimação, um companheiro de vida, sentimos uma falta que não se calcula, não se mede e não se explica.
Quem nunca viveu um amor assim é incapaz de entender, afinal era só um animal.... não.. é muito mais que isto; é a pureza da simplicidade do carinho, a demonstração verdadeira da amizade sem interesses.


A maior retribuição que podemos dar a eles é evitando que sofram, de todas as maneiras, até mesmo quando precisamos fazer a escolha mais difícil de nossa vida, afinal escolhemos sempre evitar que eles sofram. Se foi isto que seu coração pediu, então fez a coisa certa e tudo que poderia ser feito. 





Este texto é in memorian da gatinha "Sarita", chamada carinhosamente de "Pequena".
"Por que o sofrimento dos animais me comove tanto? 
Porque fazem parte da mesma comunidade a que pertenço, da mesma forma que meus próprios semelhantes." Émile Zola
 


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