Uns chamam de instintos, outros
de amor, talvez estes conflitos de informações não sejam tão distintos assim.
O que é o instinto se não a
certeza de proteger aquele que precisa de ajudar, que está ao teu lado e também te
protege.
O amor é capaz disto também, de
proteger e se arriscar por aqueles que amamos e queremos bem.
Parece que estou falando das virtudes dos seres humanos, mas na verdade quero me referir ao amor que os animais, ditos irracionais, tem por seus
donos, o quando nos cativa e nos impulsiona a ama-los incondicionalmente.
São arteiros, bagunceiros, nem sempre usam o lugar certo para suas necessidades, coisas corriqueiras que nos
acostumamos porque o amor que nos transmite, o carinho e a alegria que sentem
ao nos ver chegar supera qualquer detalhe e nos faz esquecer de todas as suas
artes e traquinagens.
"A
razão de eu amar tanto o meu animalzinho é porque ao chego em casa ele é o
único no mundo que me trata como seu fosse Os Beatles." Bill
Maher
Bem verdade esta frase, eles conseguem nos fazer sentir as pessoas mais importantes do mundo, porque seu amor é único.
Os animais conseguem transmitir
uma doçura que ao mesmo tempo conforta e mostra a honestidade dos sentimentos,
se gostam de alguém fazem de tudo para agradar, independente do que recebem de volta,
mas se não gostam demonstram isto com indiferença, não enganam.
Esta semana que passou conheci um pouco mais
sobre o amor de uma pessoa por seu animal de estimação. Uma pessoa incrível, pura e sempre demonstrando o imenso amor por sua gatinha, sua companheira, a alegria de
chegar em casa e recebe-la no colo com um carinho sempre todo especial.
Infelizmente foi uma história de
amor curta, quis o destino que sua gatinha deixasse esta vida com uma doença
incurável, de forma antecipada.
Uma vez perguntaram-me como sei
quando fazemos ou não todo possível para quem amamos, sejam pessoas ou animais?
Nesta época não tive respostas,
talvez porque minha história de vida não seja das mais felizes, mas conhecendo
esta pessoa incrível fui vendo e aprendi
que mesmo quando dedicamos todos os nossos esforços ainda restará o pensamento
de que poderíamos ter feito mais.
Isto acontece porque temos
dificuldades de conviver com as perdas que a vida nos impõem, de aceitar que
somos limitados, não sabemos tudo e não temos poder sobre certas coisas.
Carlos Drumond de Andrade dizia
que “ninguém é igual, todo ser humano é um estranho impar”, ele tinha razão. Cada pessoa sente
de uma forma, reage de maneiras diferentes, se sacrifica, faz o que acredita
dando o seu máximo por aquilo.
Assim, também, são os animais, um amor impar mesmo que vivam por instintos, o carinho é únicos, podemos ter a sensação em
determinada situações que não fizemos tudo que poderíamos, mas no fundo sabemos
quando chegamos ao limite.
Mesmo que o amor que sentimos nos diz que podemos ir além, mas a vida conta com a
razão e é ela quem decide a hora de parar.
Quando perdemos um animal de
estimação, um companheiro de vida, sentimos uma falta que não se calcula, não
se mede e não se explica.
Quem nunca viveu um amor assim é incapaz
de entender, afinal era só um animal.... não.. é muito mais que isto; é a
pureza da simplicidade do carinho, a demonstração verdadeira da amizade sem
interesses.
A maior retribuição que podemos
dar a eles é evitando que sofram, de todas as maneiras, até mesmo quando
precisamos fazer a escolha mais difícil de nossa vida, afinal escolhemos sempre
evitar que eles sofram. Se foi isto que seu coração pediu, então fez a coisa certa e tudo que poderia ser feito.
Este texto é in memorian da gatinha "Sarita", chamada carinhosamente de "Pequena".
"Por
que o sofrimento dos animais me comove tanto?
Porque fazem parte da mesma
comunidade a que pertenço, da mesma forma que meus próprios semelhantes." Émile
Zola