Hoje acordei com uma sensação
forte que não sobreviverei a tudo que a vida coloca como obstáculo em minha
vida. Querendo entregar-me ao destino e dizer que não aguento mais tantas
situações contrárias ao meu desejo, simples vontade de sobrevivência.
Não me venha dizer que no mundo
existem pessoas em piores situações, mostrar-me filas de hospitais ou foto de
alguém a morrer de uma doença qualquer em seu leito de morte, isto só prova o quando o destino ou a
vida se faz dura, injusta às vezes.
Vivo uma situação em que os olhares de fora não imaginam, talvez gostariam de viver o que pensam que vivo, mas não queiram passar por tudo que já passei. Ficar sem aquilo que desejo, tão simples desejo e que se mostra tão distante
e impossível de alcançar.
O que são os sonhos se não
possibilidades, o que são os desejos se não um incentivo para conquista, mas
porque os obstáculos são tão cruéis e de momentos desesperadores?
“Seja forte”, é tudo que ouço, é
todo o incentivo que podem me dar, mas ser forte para simplesmente sobreviver as decepções?
O que vem depois de uma decepção é provavelmente outra.
Meu grande amigo e incentivador Guilherme Martins gosta
muito de citar frases em seus textos, não tenho as mesmas qualidades nas
palavras que ele, mas gosto de ler e nestas minhas leituras vi uma frase de Voltaire
que dizia assim: “Tudo se pode suportar, exceto o desespero.”
Estou na fase do desespero e a
cada dia fica mais insuportável aguentar tantos desencontros e obstáculos.
Por que preciso ter resposta para
tudo?
Por que as coisas sempre precisam
fazer sentido e estar em ordem com aquilo que acredito?
Quem são as pessoas encarregadas
de colocar tanta dificuldade e obstáculos no meu caminho, capaz de me tirar a
razão e todas as forças?
Olho para as outras pessoas, as
vidas que levam e fico a me perguntar por que tudo é tão “fácil” para alguns enquanto para outros tudo se faz tão complicado?
Aquela alegria que vejo nas
pessoas, os sorrisos e a vida que levam como se não tivessem problemas e tudo
fosse normal, será que não mereço algo parecido?
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Temos a falsa ideia que “desistir”
é por um ponto final e pronto, mas na verdade o “desistir” também é um caminho
escolhido e temos que percorre-lo da mesma forma que enfrentamos a realidade.
O caminho da desistência é
doloroso, íngreme e com obstáculos piores ainda, porque é o caminho do
fracasso, que teoricamente deveria ser mais fácil, mas não é.
Percorremos o caminho da desistência e sem algo que ninguém consegue sobreviver, a autoestima. É um caminho sem
volta e um caminho sem fim.
Talvez o segredo é conseguir
tirar um sorriso entre um obstáculo e outro, entre uma decepção e outra, é
viver o meio termo de tudo isto.
Na vida temos duas certezas, a
que um dia nascemos e a certeza que um dia vamos morrer, tudo que fizermos
entre estes dois eventos é de nossa total responsabilidade.
Não tem jeito, ou aproveitamos as
pedras no caminho e construímos nossa ponte, ou as carregamos como penitencia, auto piedade e
morremos na primeira esquina.
Para alguns a morte é o fim,
depois dela nada mais acontece, mas para outros a morte é só o começo, como
viveremos depois depende do que fizemos no “aqui e no agora”.
Podemos acreditar nisto ou não,
mas convém não arriscar, por isto resolvi deixar acontecer, sobreviver as dificuldades um dia de
cada vez.