Lisboa é uma cidade linda, dizem alguns apaixonados
que é um dos melhores lugares para se morar, sinto que devo concordar com eles
porque simplesmente amo este lugar.
Uma cidade que anda envelhecendo, não apenas em sua
já antiga e magnifica arquitetura, mas também em sua população, prefiro dizer
que a cidade está adquirindo a experiência que só a idade nos dá.
Recentemente passeando em uma de suas lindas praças
fiquei observando e ouvindo alguns senhores conversando e comparando nossos
dias agitados com os anos de suas juventudes, é fantástico como podemos
aprender muito com isto.
Às vezes é importante sair de frente dos aparelhos
celulares, telemovel como se dizem aqui, com as nossas necessidades absurdas de se
comunicar, como se cada mensagem fosse a coisa mais importante do mundo. Talvez fosse importante
voltar um pouco para nossa essência, sentir o sol.
Aqueles senhores falavam sobre a forma de tratar as pessoas, o respeito e
principalmente a confiança dada em apenas palavras, compromissos firmados com a
honra marcada e respeitada, coisas que são esquecidas nos dias de hoje.
Hoje cumprimos um ritual de compromisso marcado com a certeza que se
chegará duas horas depois, não praticamos mais a pontualidade, sempre colocamos
a culpa no transito como se não soubéssemos que ele existe.
A sabedoria de ouvir antes de falar ficou no
esquecimento, hoje cada pessoa carrega as suas razões já definidas e sem margem
para consenso, nossas verdades são soberanas e isto nos leva ao individualismo egoísta
de cuidar cada um de seus próprios interesses.
Um simples “bom dia” se dá apenas para conhecidos e
assim mesmo como mera formalidade, as palavras perderam a sinceridade e saem de
nossas bocas de forma automática. Um sorriso não é mais simpatia, mas visto como
interesses outros e muitas vezes maliciosos.
O medo tomou conta de tal forma que as pessoas não
se ajudam mais, até mesmo nas necessidades existem desconfianças.
A tecnologia criada para nos unir a cada dia nos
afasta mais da vida real e do calor humano, quanto mais distantes e com barreiras que nos
separam mais seguros nos sentimos.
Somos a geração “shopping center”, dos jogos eletrônicos,
dos perfis em redes sociais, dos alimentos prontos e industrializados, das músicas sem sentido, de celebridades instantâneas, aqueles
que só veem a natureza em reportagens do Discover.
Mas nem tudo é negativo, apesar disto consigo enxergar vantagens, mas
as desvantagens são enormes e estão transformando as pessoas de uma forma que
vale a pena parar e refletir, tentar compreender se é isto mesmo que queremos para
nós.
Todos nós temos histórias, mesmo aqueles com pouca
idade ouviu de seus pais e avos sobre valores morais e éticos. Por que a
nossa geração precisou extingui-los?
Convém refletirmos e que cada um tire suas conclusões.