“Não sei se escrevo crônicas, contos, poesias, piadas, verdades ou mentiras... Seja o que for, escreverei de forma breve como a vida....... Histórias breves de personagens breves que, em maior ou menor grau, são fragmentos do que sou e procuro eternizar.”

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Traição e Confiança

Entre vários ensinamentos que carrega para minha vida, um deles me chama muito a atenção. O respeito e o valor que o povo oriental tem com os anciões, como ouvem e seguem os conselhos dos mais velhas, é algo que admiro muito como ocidental.

Tive o prazer de conhecer em minha época de universitário e criar uma grande amizade com uma pessoa de origem japonesa, o qual convivo até hoje.

Nesta conversa falamos de um assunto bem polêmico e que causa muitas controvérsias; a confiança, especificamente dentro de um relacionamento amoroso.

Ele me contava que sempre confiou em sua parceira, mesmo quando teve todos os motivos para desconfiar. Várias vezes teve oportunidade de segui-la, em outros momentos de “vasculhar” seu perfil em redes social, já que ela esquecera aberto em seu notebook, mas nunca o fez.
Na verdade, ele nunca quis comprovar suas desconfianças, mas, também, nunca se deixou levar por este pensamento destrutivo e sempre conviveu muito bem com esta situação.

Não sei o que faria em seu lugar, mas uma coisa é certa, jamais “vasculharia” um perfil que não seja o meu, acredito que se chegamos a este ponto, é porque a situação ficou insuportável.
Talvez minha posição sobre este assunto cause muita discordância nos leitores, mas o ponto principal e que precisa ser avaliado em um relacionamento é o que cada um oferece de si ao outro, apenas isto.

Quando uma pessoa chega ao ponto de trair alguém, ela na verdade está traindo a si, indo contra tudo aquilo que recebeu de quem a ama, para alguém de consciência, este é um peso insuportável.

Ontem estava assistindo um episódio da série The Blacklist e uma das falas foi sobre a traição, a personagem principal foi traída por seu marido; “...nenhum tipo de violência, tortura ou qualquer que seja a vingança que eu possa fazer contra você, vai curar esta dor que a sua atitude me causou.... É a minha vida e você me matou com sua traição...”

Muitas vezes a vida imita a arte, ou a arte imita a vida, seja como for é a descrição de um sentimento real, onde quem causa esta dor tem que conviver com o peso, com a culpa de ter assassinado algo tão maravilhoso dentro de outra pessoa e  que a fazia feliz.

Não somos obrigados a conviver com quem não queremos, mas por uma questão de caráter precisamos ser honestos com o que sentimos, ter a consciência que carregamos conosco duas fontes de sentimentos, a nossa e a da pessoa que depositou o amor e a confiança em nós.

Mas o que tudo isto tem a ver com os anciões orientais que comentei no início do texto?

Foi de um deles que ouvi isto: “...nunca procure aquilo que você não quer encontrar, se um dia tiver que saber, saberá de uma forma natural. Enquanto isto viva sua vida e desfrute de cada momento como se fosse o último.”

Talvez seja difícil aceitar que as pessoas só conseguem oferecer aquilo que tem dentro de si e a honestidade nos sentimentos é o mínimo que podemos esperar de alguém.
  
Outra situação importante para se pensar muito em uma situação como esta, é que sempre existirão dois lados, cada um deles com suas histórias e justificativas. É sábio aprender a ouvir, procurar entender e só depois decidir o que fazer.
Sobre isto li recentemente uma pequena história, não sei se verdadeira mas retrata uma verdade importante. É de um autor desconhecido, vou transcreve-la aqui:

"Uma garotinha segurava em suas mãos duas maçãs. Sua mãe entrou e lhe pediu com uma voz doce e um belo sorriso:
- Querida, você poderia dar uma de suas maçãs para a mamãe?
A menina levantou os olhos para sua mãe durante alguns segundos e morde subitamente uma das maçãs; logo em seguida morde a outra.
A mãe sente seu rosto se esfriar e perde o sorriso. Ela tenta não demonstrar suas decepção com a filha.
Em seguida a pequena menina olha para sua mãe com um sorriso de anjo e diz:
- Tome... essa é a mais doce..!! "

As vezes podemos não concordar com certas atitudes ou com maneiras que as pessoas resolvem seus dilemas, mas ao invés de julgar, ouça antes o outro lado, dê o beneficio da dúvida e o privilégio de poder se explicar.
Não podemos julgar as pessoas, todos nós erramos e todos temos momentos em que ficamos mais vulneráveis e nesta hora podemos cometer falhas.

Julgar alguém é uma tarefa que não nos cabe, não conhecemos o seu coração. O que devemos fazer é "julgar" as atitudes, as situações e os acontecimentos, só depois decidir conviver ou não com isto.
Quando se ama alguém de verdade, tudo em nós está focada nesta outra vida, é como uma extensão de nós e tudo que possa lhe afetar, acaba refletindo em nós. Se acontecer de algum sentimento paralelo surgir, algo que seja significativo ao ponto de tirar seu sono, então o mais honesto é partilhar com a pessoa amada, assumir e resolverem juntos esta questão.

 

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