Esta história que vão ler abaixo é tão simples como a verdade que ela
revela, tão singela quanto a necessidade que temos de entende-la.
Então, numa quarta-feira, ele encontrou o pipoqueiro fechando a sua
barraca ao meio-dia e se assustou:
- Alguma
coisa errada? Perguntou.
Um sorriso
enrugou o rosto sereno do pipoqueiro.
- De
maneira alguma. Está tudo bem.
- Então
por que você está fechando a barraca?
- Para
poder ir para casa, sentar no meu terraço e beber chá com minha esposa.
O homem de
negócio não entendeu muito e contestou:
- Mas o
dia está longe de acabar. Você ainda pode vender!
- Não
preciso - respondeu o dono da barraquinha - Já ganhei o
suficiente hoje.
- Suficiente?
Isso é um absurdo! Você deveria continuar trabalhando.
O velhinho
ágil, parou e olhou para o seu visitante bem vestido.
- Por que
eu deveria continuar trabalhando?
- Ué, para
vender mais pipoca!
- E por
que vender mais pipoca?
- Porque
quanto mais pipoca você vender, mais dinheiro você ganhará. Quanto mais ganhar,
mais rico você vai ficar. E quanto mais rico você ficar, mais barracas de
pipoca poderá comprar. Quanto mais barracas comprar, mais vendedores venderão o
seu produto e mais rico você ficará. E, quando você tiver dinheiro suficiente,
poderá parar de trabalhar, vender suas barracas, ficar em casa e sentar-se no
terraço com sua mulher e beber chá.
O homem da
pipoca sorriu e disse:
- Ué,
então, eu posso fazer isso hoje! Eu já tenho o suficiente. Aliás, eu já sou
rico, pois tenho paz, uma esposa que me ama e um Deus que supre todas as minhas
necessidades! ”
Como todas as histórias que lemos por aí, esta também não
sabemos de sua veracidade, mas a intenção aqui é apenas ilustrar uma verdade,
algo real que muitos vivenciam e outros deveriam experimentar.
Consegui me formar muito cedo e sempre trabalhei mais do que precisava, hoje, apesar da minha pouca idade, vivo com a mesma filosofia deste vendedor de pipocas, mas nem todos
têm a noção do que lhe é suficiente.
A algum tempo atrás assumi para minha vida que tudo aquilo que me tirava os prazeres simples não compensava conquistar. Descobri o quanto é importante viver momentos que são apenas meus e hoje isto faz parte da minha vida e das pessoas que amo.
A algum tempo atrás assumi para minha vida que tudo aquilo que me tirava os prazeres simples não compensava conquistar. Descobri o quanto é importante viver momentos que são apenas meus e hoje isto faz parte da minha vida e das pessoas que amo.
Sem querer fazer demagogia, porque é agradável "ter" o poder de compra, de proporcionar um momento de luxo para si ou para alguém que amamos, mas até enquanto isto não se torna o que é de mais essencial em sua vida.
Recentemente ouvi uma matéria no telejornal onde
dizia que os japoneses estão voltando para os velhos modelos de celulares, o motivo para isto é justamente o tempo que as tecnologias destes aparelhos novos os
roubam de coisas mais importante.
Me surpreendi quando vi a matéria, afinal podemos dizer que é um dos países mais tecnológico do mundo, onde a maioria das novidades nascem. Assim como em muitas invenções foram os percursores, eles talvez foram os primeiros a perceberem o vazio que, muitas vezes, isto provoca.
Preciso ter um carro que faz de zero a cem em
segundos onde os limites de velocidade a cada dia diminuem?
Estes são pequenos exemplos, mas cada um sabe a
força de sua ganancia, o que realmente precisamos para nossa existência.
É preciso ter força de vontade para se conter e poder apreciar tudo aquilo que estas armadilhas nos roubam, os momentos simples que te enchem a alma de paz e te faz uma pessoa melhor precisam voltar a fazer parte dos nossos dias.
Não precisamos retornar as cavernas para isto, evoluímos
como tudo na vida, mas sempre precisamos lembrar que somos os “dominadores” e
não os “dominados”.
Aqui na Europa pesquisa recente mostraram que os portugueses são os que menos gastam com tecnologia entre os europeus, dificilmente dispõem mais de duzentos euros em celulares, felizmente moro aqui.
Gosto de ir ao café na esquina, sentar nas cadeiras que ficam nas calçadas e
apreciar a vista do mar enquanto sinto o cheiro desta bebida maravilhosa. Isto me custa apenas o preço de um café.
Gosto de conversar com meus amigos que, surpreendentemente, estão prestando atenção em minha pessoa e não em um aparelho de celular; de ouvir suas “besteiras”
que me fazem rir de coisas que racionalmente jamais poderia pensar em soltar um só sorriso se quer, isto me faz feliz.
Podemos viver apenas com o necessário se entendermos os limites de nossas ganancias, a vida passa e não percebemos, a saúde é uma incógnita
até para o mais brilhante dos médicos e não sabemos o dia que vamos morrer, o amanha pode não existir para alguns.
Convém pensar na filosofia do nosso personagem
vendedor de pipocas e passarmos a dar mais valor ao que temos em nossas mãos e não apreciamos
como deveríamos.
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Mário Vargas LIosa
História do "vendedor de pipocas" reproduzida do site: Pastor Antonio Junior