"Nestas últimas semanas, de tanta confusão e
agitação, nem tenho tido bem noção do que é "almoçar". Perguntam-me:
"mel, já comeste alguma coisa?" E eu digo que sim, que já comi
'alguma coisa'.
Esta anormal é uma das que me anda sempre a
chatear. Mas valente chata!
Hoje decidiu trazer-me o lanche.
São estes pequenos gestos que me fazem ver (não que
precise de provas ou algo do gênero), as pessoas que tenho comigo. E
tem sido tão bom saber que há pessoas que realmente se importam com os outros,
que gostam de verdade, sem querer nada em troca. Que se importam comigo. Que
gostam de mim. Obrigada, Joana. Por hoje e por todos os outros
dias. Obrigada a todos.
Estou de coração cheio."
Já dizia Franz Kafka: “A solidariedade é o
sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana. ”
Uma atitude nada mais simples e com uma
profundidade incrível nos faz compreender o conceito de ser solidário.
Palavras são belas quando carregadas de sentimentos
e preocupações, ainda mais quando acompanhadas de gestos simples a corroborar
com aquilo que foi exprimido.
Somos solidários quando nos preocupamos com coisas
e situações que envolvam a quem amamos, não somente as tragédias que vemos todos
os dias nos noticiários de TV, em situações de fome em países sem dignidade
humana ou em em grandes catástrofes. Nos sentimos solidários quando enxergamos
os esforços para uma tarefa de escola, compromissos em seu trabalho e na luta
diária onde cada segundo nos é importante.
É tão bom quando alguém é capaz demonstrar carinho
em suas preocupações. Por mais autoconfiança que possamos ter, nosso ego
precisa deste afago as vezes.
Não somos super-heróis, somos seres humanos
que por mais alto controle que possamos ter, ainda vivemos em comunhão uns com os outros.
Fazemos bem quando damos valor para quem consegue
enxergar situações em nossas vidas que acabamos deixando escapar, como neste
caso, nesta situação tão simples, mas com tanto carinho demonstrado.
Fazemos bem se olharmos para os lados e percebermos que não estamos sós, e cada pessoa que conosco caminha sentem necessidades que
só saberemos quais são se perguntarmos. Como fez a Joana: "Mel, já comeste alguma
coisa?"
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Mário Vargas LIosa