A primeira série de TV que me prendeu a frente deste
aparelho foi 24HORAS, não apenas por várias cenas de ação, ou por ser policial,
mas por suas idéias de princípios diferentes de todas as outras.
Jack Bauer (personagem principal), tinha princípios aos
quais um objetivo justificava todas suas ações e o seu senso de justiça passava
a passos largos de um sistema politizado. A grande questão é que sua luta era
maior do que ele mesmo, onde nem mesmo o presidente do seu país estava livre de
sua “justiça” e conseqüências de seus atos.
São atitudes questionadas, tanto assim que em todas as
temporadas a grande questão que rondava a vida de Jack era, herói, vilão, sensato ou louco?
As conseqüências de uma vida assim é a solidão, são princípios
questionáveis de moral e bons costumes, onde mesmo salvando vidas, evitando
conflito entre nações e, muitas vezes, até uma exterminação global, era visto
com “maus olhos” até mesmo por seu entes queridos e amigos próximos.
Em um dos episódios mais marcantes foi quando leva seu próprio
chefe para o sacrifício por um bem maior e acaba tirando-lhe a vida. Em algumas
temporadas ofereceu a si como sacrifício sem reconhecimento algum de um país a
que tinha salvo por diversas vezes.
Sem qualquer pretensão religiosa e com muito respeitando a fé
das pessoas, mas o personagem Jack Bauer talvez trace um paralelo sobre a vida de Jesus Cristo, pagou um preço por um dívida que não era sua, como consequência a solidão e a morte.... São os riscos que correm as pessoas que, guardada as devidas proporções,
escolhem viver mais para os outros do que para si.
Outra característica marcante de uma vida como esta, é que
as poucas pessoas que compreendem e aceitam viver ao seu lado em amor, acabam
sendo sacrificadas por isto, acredito que este foi o pior “castigo” para o personagem Jack Bauer, perder a esposa, o amor da filha e vê a pessoa amada sendo torturada, sofrendo inocentemente simplesmente por querer participar e estar perto do seu amor. Todas estas tragédias são diretamente relacionadas a sua escolha de vida, qualquer pessoa sensata se sentiria culpada e morreria com culpa.
Toda obra de ficção tem seus momentos de reflexões, mas em
algumas situações são estes personagens que dão vida a escolhas de uma maneira
de viver.
Quando estamos fora de uma situação como esta e vendo as
coisas de forma geral, é lindo ver a entrega e a dedicação por uma causa, nos
assustamos com a obstinação e podemos não concordar com alguns métodos, mas
entendemos. Quando estamos dentro de situações como esta, sentimos a dor das consequências de
cada atitude e temos dificuldade para aceita-las.
Sim, este texto parece muito confuso, mas é um daqueles que “só
os fortes entenderão”, só quem vive ou passou por algo assim, para aquele
que enfrentam as conseqüências de lutas silenciosas e encobertas para maioria
das pessoas.
Vale a pena pagar o preço?
Acredito que ao escolher uma vida de entrega não se faz este
questionamento, já possui esta resposta, mas que sempre será mal compreendido.
Guilherme Martins