Estava em um momento de lazer, totalmente descontraído assistindo
uma série de TV com a minha filha, naqueles momentos onde não esperamos nada além de algumas horas de “mente vazia”.
Geralmente são nestes momentos onde nos permitimos deixar
nossos pensamentos mais tolerantes, acreditando por alguns instantes nas
fantasias e, às vezes, até nos transportando para elas.
Estávamos assistindo a série The Flash, mas um episodio me
chamou muito a atenção, me fez voltar para a realidade comparando situações que
antes me passava despercebido.
Para aqueles que não conhecem esta série, ela gira em torno
de um acidente nos laboratórios STAR, causando uma grande explosão, mas não era
uma simples explosão, ela causou efeitos colaterais em várias pessoas expostas
por sua radiação, estas pessoas foram classificadas como “Metas-Humo (MH)”.
Nosso herói e protagonista da historia teve como efeito se
tornar o homem mais rápido do mundo (Flash).
Como nem tudo são flores, como diria o poeta, alguns destes
MH resolveram ir para o lado negro da força, ou seja, se tornaram foras da lei,
bandidos e assassinos. Felizmente nosso herói Bary Allen (Flash), decidiu
dedicar sua vida para captura-los e deixar o mundo um lugar mais justo.
Voltando para o episódio mencionado, um destes MH adquiriu
um poder ao qual gostaria muito de ter, fiquei com inveja, mas usaria para o
bem, fiquem tranquilos.
Ele tinha o poder de ao tocar uma pessoa adquirir todas as características
ficas dela, pode se imaginar tocando alguém que admira?
Infelizmente este poder não era usado de forma adequada, e
nosso herói teve que combate-lo. Durante o episodio ele se transformava em quase
todos os personagens, e cada vez que assumia a forma, ficava em sua memória
e ele poderia se transformar quando quisesse novamente.
Enfim, ele foi
capturado, a sena que me chamou a atenção e me motivou a escrever aconteceu no
final. Ao ser interrogado ele ficava se transformando em todos ali na sala, mas
atrás das grades, quando lhe perguntaram quem de fato era ele, sua fisionomia
original, ele se transformou em uma pessoa a qual em seu rosto havia apenas a boca
e disse a seguinte frase:
“Já não me lembro quem sou.”
Tirando a ficção desta série de sena e trazendo para a nossa
realidade, não é tão difícil assim nos esquecer quem somos.
Vivemos circunstancias onde somos transformados por diversas
questões, surpreendendo até a nós. Não na forma física, embora muitas
pessoas vivem isto em redes sociais se passando por outras pessoas, as vezes
por não aceitar a si mesmo, outras vezes para levar vantagens.
Mas nem tudo acontece por maldade, muitas vezes mudamos por
situações como emprego, amizades, para encarar um ambiente que não é o seu,
para conquistar alguém que gostamos e muitos outros motivos que acabam nos
tirando o foco, a nossa personalidade.
É muito importante ser uma pessoa de conteúdo, saber se
relacionar em qualquer ambiente entre todo tipo de pessoas, mas é fundamental
conquistar este espaço sendo quem de fato somos,porque só assim será algo
duradouro.
Sei de uma situação onde a necessidade de ser outra pessoa
era extrema, mas isto não era problema até o dia que conheceu alguém especial. Nenhum
relacionamento se fundamenta em mentiras, acredito que todos podem imaginar
onde isto acabou.
“Mas e você, quem é de verdade?”
“Já não lembro mais quem sou.”
Conhecer alguém não é apenas saber da sua aparência, vai
muito além, é inegável que a primeira impressão é a que fica, mas também as aparências
podem enganar.
É absurdo afirmar que alguém possa enganar a si mesmo?
Não, infelizmente isto acontece geralmente sem que
percebemos.
Quer fazer um teste?
Pergunte a um amigo próximo e sincero o que ele pensa de
fato de ti. Bem provável que se ele for honesto tu não vai conseguir se
enxergar na opinião que ele tem sobre ti, seja positivo ou negativo a sua opinião.
Algumas pessoas preferem passar só aquilo que as outras
valorizam, escondem aquilo que pensam ser defeitos e isto às transforma em
outro alguém que não ela mesma.
Como explicar para sua noiva as vésperas do casamento que tu
aperta a pasta de dentes no meio, e não no final dela?
Como explicar a ela que tu ronca, não enxuga o banheiro
depois de usa-lo, as vezes esquece de dar descarga ou que dorme de meias?
Estas coisas são bem complicadas colocar no nosso dia a dia,
mas são características de muitos por ai, não é o meu caso.
É claro que tudo isto são exemplos, a vida é bem mais
complicada que isto, mas a grande questão é nunca perdermos de vista a nossa
identidade, porque se tu é verdadeiro nunca terá que se perder em quem
realmente é e ninguém terá que te perguntar:
“Mas e você, quem é de verdade?”